quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Preto no branco

Domingo é dia dos pais no Brasil. Não é aqui, não sei por que, já que nunca entendi como é feita a definição desses dias comemorativos, mas, enfim, não quero mudar o tema do post. Então, decidi que meu dia dos pais é hoje.

Meu pai é o melhor pai do mundo. Sim, conheço alguns tão bons quanto, mas, melhor, impossível.

Quem vê de fora, não acredita. Ele costuma ser meio ríspido às vezes. Não é muito falante com estranhos, nem em ambientes hostis (novos). Pra completar, o bigode não ajuda, deixa a cara sempre meio brava. Ele é objetivo, não sabe fazer rodeios, amenizar as coisas. Você conhece a expressão "falar com jeitinho"? Meu pai não conhece. Mesmo. Ele é franco. Super sincero. Afinal, quem mais no mundo me diria que as gorduchinhas estavam todas casando e a bonitona lá de casa encalhada?

Mas meu pai é assim: simplesmente o melhor do mundo. E ele me ama muito.

É engraçado eu dizer isso agora, porque demorei alguns anos pra acreditar, porque, por algum tempo, em algumas situações, eu achava que ele não me amava tanto. Eu acho que queria que ele ficasse falando, repetindo, sei lá. Eu não entendia que ele era o único pai que buscava as filhas todos os dias no colégio. Eu não percebia que ele ensinava musiquinhas (a da minhoca era um hit absoluto!). Eu não imaginava que só o meu pai, e o de mais ninguém desembaraçava o cabelo da filha, todos os dias. Minhas amigas achavam meu pai tão legal, a ponto de uma decidir, aos 6 anos: mãe, eu vou embora de casa, porque agora quero ser filha do pai da Laura!. Ele tem um jeito de rir da gente e de tudo, que eu demorei a entender que não era deboche, era encanto.

Ele me cobrava notas, mas não fazia das boas notas uma grande coisa. É a sua obrigação, ele dizia.

E, desse jeito, ele me ensinou a fazer bem feito, sem esperar nada em troca, por obrigação. Me ensinou a querer ser a melhor, tentar ser boa em tudo o que eu participasse. Ele podia não por muita fé nos meus "talentos", mas pagou a escolinha de teatro por 2 anos. Só não gostava que eu desistisse tanto das coisas: você não persiste, Laura. Muda a rota antes de chegar no destino!

É, pai, eu sei, faço isso até hoje, mas vou melhorar. Eu tento...

Eu lembro do meu pai assistindo Topo Gigio comigo. Lembro dele falando "pra caminha", lembro da gente comendo coxinha de catupiry e jogando Alex Kid, Super Mario e Jogos de Verão no video game, isso quando ainda nem era um crime inafiançavel deixar uma criança de 10 anos comer coxinhas de catupiry todos os dias. Eu lembro do meu pai me dando o dinheiro do pão quente no Minas. Eu lembro das figurinhas da "Turma da Mônica no Amazonas" e, em 2008, das figurinhas "Amar é", que ele, apesar do bico, comprava. Lembro dele rindo: "o moço da banca me perguntou quantos anos tem minha menina!!"(eu já tinha 26). Eu lembro do meu pai comprando pastel e guaraná Taí pra gente na praia. Lembro do meu pai levando 5 crianças (minha irmã e meus primos-irmãos) pra praia, só ele "de adulto". Lembro dele assoviando, onde quer que ele estivesse, sabendo que eu ia saber que era ele - principalmente na porta das festinhas, quando celular nem existia. Lembro das gincanas mais legais do universo, que ele organizava todo verão. Lembro dele me buscando na PUC, às 10 da noite, e me levando na Federal, às 7 da manhã. Lembro dele deixando o "mil pulos" do lado do meu travesseiro. E me buscando e me levando pra todos os lugares, às vezes de cara feia, resmungando, mas sem nunca negar uma caroninha. Meu pai sempre trabalhou 3 horários. Ainda assim, sempre foi o pai mais presente que eu conheço. 

Se for pra definir o meu pai, em poucas palavras, eu diria que ele é preto no branco. Não tem meio termo não. Ou é ou não é, ou está certo, ou está errado. Ele é simples e direto. Sem conversa fiada, sem enrolação nenhuma. Em suas definições, tão objetivas, desde sempre, meu pai me ensinou que companheiro é companheiro. Pra todas as horas. É o que ele fala sempre, incansavelmente, o que grudou nas nossas orelhas. Tem que ser amiga de verdade, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, nas horas boas e nas ruins.
Meu pai é o meu grande companheiro. Com ele, é preto no branco, até no coração.

Atleticano, claro.

Daddy, te amo. Todos os dias.



6 comentários:

Leonardo Delarete Pimenta disse...

- "Ele tem um jeito de rir da gente e de tudo, que eu demorei a entender que não era deboche, era encanto." - eu me lembrei do meu pai. Basicamente o mesmo tipo de personalidade.

- Também atleticano.

- Guaraná Taí: então faz muito tempo.

Juh Sutti disse...

Que post lindo!!!
Eu tbm tenho um pai asssim rs...
Deus abençoe nossos pais!
bjos

Barbara Chagas disse...

Que liiindo...
Nem me atrevi a ver o vídeo pq estou no trabalho e não gosto de chorar em público.
Bjo pra vc e pro seu pai!

Anônimo disse...

Puxa, amei teu pai.
Sou fã da família toda.
Querida...fique bem.

Izabella Pimenta disse...

Que delícia pai né?!
Pão quente do Minas... atleticano... buscar nas festinhas... os assovios que só a gente sabe que é pra gente... o bigode... que saudades do meu pai!!!!
Por alguns minutos, vc Laura, me fez ter as lembranças deliciosas da presença do meu pai... como se o texto tivesse sido escrito por mim...obrigada! E o nosso Galo nem pra nos dar alegria nestes dias... e o pão quente do Minas, nem existe mais....
Beijos

Julie disse...

Nossa! tb tive a mesma sensação! Parecia que estava falando do meu pai! Muito bom seu post Laura! Lindo!