quinta-feira, 30 de abril de 2009

Adolescência

O post de hoje começa com uma cena, pra vcs irem ouvindo, enquanto leem, a música que estou ouvindo, enquanto escrevo.




Como já contei um pouco pra vocês, minha adolescência foi atípica. Nunca fui da balada, nem da quebradeira. Me apaixonava com a intensidade dos meus 12, 13, 14 anos e previa amores eternos recheados de idas, vindas, e lágrimas, como aqueles amores que a gente acha lindo nas comédias românticas da sessão da tarde...

Sempre sonhadora, sempre apaixonada pela idéia de me apaixonar, sempre assim, sem querer muita diversão mundana, eu vivia com os pés no chão - me achando muito madura - e com a cabeça nas estrelas, achando que tudo que eu queria e sonhava seria possível. Pode ser culpa da Xuxa que por anos martelou na minha cabeça que "tudo que eu quiser, o cara lá de cima vai me dar", cresci assim, infantil e esperançosa de que o amor, como uma força intrínseca em cada um, nos faz conquistar.

Culpa também da minha mãe, que escrevia, em todos os bilhetinhos possíveis, que existe uma linguagem que está além das palavras, e é a linguagem do entusiasmo e das coisas feitas com amor e com o coração. Ela não se cansa de repetir que o universo conspiraria a meu favor...e acho que ela estava certa, como as mães costumam mesmo estar.

Sem preconceitos, querendo conversar e ouvir e falar, tinha minha turminha de fieis escudeiras, dentre as quais, uma sempre se destacou. Sim, novamente, é a Isabel.
Como não fiz novas amigas na adolescência, mantive as da infância, e como eu já era uma mocinha comprometida - e que não admitia me interessar por ninguém que não fosse o meu grande amor (naquela época ainda) platônico, minha diversão era ir ao clube e passar a tarde no shopping ou na casa de alguma amiga, trancada no quarto, trocando horas de confidências inconfessáveis e secretíssimas e que hoje são absolutamente misteriosas para mim... Haja assunto...
Fato é que o pai da Isabel (como não poderia deixar de ser), comprou um posto de gasolina e junto com o posto, veio uma locadora.
Um belo dia, fui chamada para conhecer o empreendimento e já que a locadora seria transformada numa loja de conveniências, poderíamos levar os filmes que quiséssemos para casa.
Obviamente, nossos olhares curiosos fizeram a festa. Elencamos vários e lá fomos nós, pra casa dela, fazer pipoca e assistir às novidades. No meio dos filmes veio um que, em português, se Chama "Um sonho, dois amores" (o título original, como vim a saber hoje é "Thing called love").
Como duas crianças que éramos, doidas pra entender o que seria esse amor que um dia viria pra gente, assistimos cerca de 897 vezes ao filme...
A história é de uma menina (identificação imediata) que chega a uma cidade para conquistar seu sonho. O sonho dela, no caso, era ser cantora de música country e ela vai direto num bar onde, uma vez por semana, calouros se apresentam. O tal bar é "berço" de talentos e e lá que a mocinha conhece outros jovens (River Phoenix e Dermot Mulroney) e, claro!, fica dividida entre eles... O filme é cheio de músicas lindas, adequadas, tem até uma ótima pra um Mr. Big (que é o River Phoenix, no caso...). Cantávamos, repetíamos frases feitas, ríamos... foi um filme que, percebo hoje, moldou muito meus desejos.
O resto, é resto. Só posso garantir que o filme é lindo e muito, muito emocionante, nutriu meus sonhos e hoje eu entendo porque só eu conhecia o Dermot Mulroney e achava ele lindo antes de "O casamento do meu melhor amigo"...
Eis que ontem, chegando ao trabalho, encontro no meu messenger uma mensagem que havia sido mandada enquanto eu estava offline com um link no youtube. Achei que era vírus, mas ousei e me deparei com a cena que abre esse post. É a cena final do filme quando, finalmente, a protagonista consegue compor a música que a fará ser aceita na noite de calouros...
Preciso contar que morri de chorar no trabalho?
A letra fala de um sonho, grande e forte, que ela tem desde pequena e que agora estava se realizando. Um sonho dela, mas suficiente para ser repartido com as outras pessoas, um sonho que, ao ser realizado, com tanto amor e felicidade, fazia ela pensar que talvez Deus fosse mulher...
O verso, em inglês, é "makes me think maybe, God is a woman too" (me fazer pensar que, talvez, Deus seja uma mulher também)...
Acredito firmemente que Deus existe e se manifesta assim, nesses detalhes. Talvez essa sensibilidade, muito atrelada ao feminino, deixe entrever que Deus entende as mulheres...e talvez, seja mulher também...
Acredito que, se prestamos atenção aos sinais, o que é verdade, o que é pra ser, se mostra. Acontece, simples assim.
Acho que é por isso que a gente tem que abrir as portas do coração. Acredito que Deus, seja homem ou mulher, põe anjos no nosso caminho, e que temos a capacidade de ser anjos nos caminhos dos outros também... e que as coisas acontecem, basta acreditar e olhar com olhos de quem quer ver...
Agora, vocês vejam, e me deem ou não razão, eu estou aqui, às vésperas de realizar um sonho - meu nome na capa de um livro- que me acompanha desde a infância (since I was just a girl), um sonho que é compartilhado com todas vocês (big enough to share) e recebo esta música pelo youtube. Um anjo pra me mandar essa música por msn e me fazer lembrar do que eu sonhava há tantos anos...
Makes me think maybe God is a woman too, makes me think maybe God is a woman too...

10 comentários:

Anônimo disse...

Ai, Laura... Eu queria ter essa esperança tb...

Ana disse...

Que lindo!

Monique disse...

"Acredito que Deus, seja homem ou mulher, põe anjos no nosso caminho, e que temos a capacidade de ser anjos nos caminhos dos outros também... e que as coisas acontecem, basta acreditar e olhar com olhos de quem quer ver..."

Que lindo, Laura! Tbm acredito e me identifico muito com as coisas que vc escreve.

Adoro o seu blog!
=**

Rafa Neia disse...

Nossa Laura, você escreve tão bem tão bonito! Com certeza lerei todos os seus livros! Eu também fui uma criança quietinha e uma adolescente mais ainda. Tinha uma única e exclusiva melhor amiga que éramos grudadas, até as roupas eram iguais, e sempre nos apaixonávamos platonicamente pelo mesmo cara. Até hoje sou meio assim sabe, sou recordista em amores platônicos. Me identifico com todas as mocinhas sofridas de filmes românticos. Mas meu anjo está demorando a aparecer pra mim sabe, em todos os sentidos... fico super desesperançosa, achando que sou a última em tudo. É uma sensação péssima e frequente. Mas vou levando, lendo umas coisas bonitas como as que você escreve...

Anônimo disse...

Laura, vira e mexe do uma olhadinha no seu blog, sempre me divirto. Mas, fazia um tempo que nao entrava e enfim... vamos direto ao assunto: terminei (ele resolveu dar um tempo) um namoro de 3,5 anos, tenho 28 anos logo sou a legítima bonitona encalhada. Tudo isso q estou dizendo (ou tentando, já que sou péssima com as palavras) é só para agradecer as suas frases, post, dicas e sensibilidade. Pode saber que me ajuda muito, hoje principalmente. Muito sucesso para vc. Bjs e obrigada

Renata Rodrigues disse...

Lindo Laura!!! Beijo!!!

Rafa Neia disse...

Oi Laura!
Vou fazer um resuminho de algum dos meus amores platônicos (as histórias são riquíssimas em detalhes, eu era muito criativa, hihi) e te mando!
beijo!

Unknown disse...

Falou e disse moça! O pior é que sempr nos deixamos levar pelas diversas variações da espontaneidade objetivada (aff!)!

Um abraço

Anônimo disse...

Ei Laura!
É a primeira vez que comento no seu blog, que descobri no blog da Márcia qd ela postou as suas belíssimas fotos. Olha, adoro o seu texto e o seu humor. Já havia um tempo que não entrava no seu blog e lendo os últimos posts encontrei este e a identificação foi total. Tive uma adolescência sonhadora e apaixonada...ai, ai, sem baladas e muitos amores platônicos...sinto que ainda sou um ser que viaja e acredita em sonhos. Bom, posso garantir pra vc, que o encontro com o meu príncipe foi digno de filme, o parto do meu primeiro filho idem e que vale a pena sonhar. Sou bonitona tb, mas não sou encalhada, já estou há 7 anos casada e com o amor da minha vida. Sonhos acontecem com certeza!!!! Vale a pena sonhar!!!!
bjssss mil e felicidades!!!!
Luciana Guimarães

Nathalia Bilibio disse...

"Acredito firmemente que Deus existe e se manifesta assim, nesses detalhes..."
Obrigado por esse post!
Assim como para vc o link no youtube significou muito, pra mim, tudo que vc escreveu significou muito nesse momento.... Obrigado mesmo!
Desejo a vc toda sorte e felicidade do mundo!
Mil beijos...