quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Bonitona da Semana - Cat Trindade


Do outro lado do mundo, literalmente, é nossa entrevistada dessa semana. A Catarina Trindade, Catiluva para os íntimos, foi a primeira seguidora aqui do blog, e a primeira amiga que fiz no mundo virtual. Através dos casos dela, conheci Moçambique (que é o país da Cat), e descobri que temos muito, mas muito em comum mesmo com as bonitonas moçambicanas.

A Cat é uma flor de pessoa: pra cima, alegre, dedicada e sonhadora. Junto com sua irmã, Joana, ela é responsável pelo blog www.catla-juca.blogspot.com. Mas nem só de amenidades se faz uma bonitona: ela tem um trabalho super importante (que vai explicar pessoalmente) e é uma pessoa que faz a diferença! Com vocês.... Cat Trindade.

Ah! Mantive a grafia da Cat para as respostas, pra ficar mais com o tempero dela!

Espero que gostem!
 
1) Como é ser uma bonitona moçambicana? 

Eu acho que ser uma bonitona moçambicana não é diferente de ser uma
bonitona em qualquer outra parte do mundo. Temos os mesmos medos, os
mesmos sonhos, as mesmas frustrações, os mesmos anseios...talvez a
diferença é que a bonitona moçambicana passa muito calor, hehehe!
Moçambique é muito quente!! 

2) O que você faz? O que é exatamente a "questão dos gêneros"? Qual o papel
das formações? 

Eu estudei Sociologia em Coimbra, mas ainda não me acho uma socióloga.
Sou uma licenciada em sociologia. Trabalho numa rede de escolas e
centros profissionais como técnica de género. O que é uma técnica de
género? Essa é uma pergunta dificílima de responder, mas vamos lá: eu
trabalho directamente nas escolas, fazendo o acompanhamento das
alunas, assim como dando palestras, mostrando filmes, fazendo debates,
etc, sobre temas como a violência doméstica, saúde sexual e
reprodutiva, hiv/sida, assédio sexual nas escolas, entre outros. O
importante é evitar que as meninas, que são muito poucas em relação
aos meninos neste tipo de formação, abandonem os cursos, como acontece
frequentemente por causa de gravidezes, casamentos precoces, mau
aproveitamento, etc. A "questão do género" em Moçambique é bem
complexa. Somos um país ainda extremamente machista, em que o papel da
mulher é o de boa mãe, esposa e dona de casa. E isso está muito
enraizado na nossa cultura, o que dificulta a aceitação dos novos
papéis que as mulheres vêem assumindo actualmente. As formações de
género que eu dou, dirigidas maioritariamente para professores do
ensino profissional, têem como objectivo mostrar aquele que foi e
continua a ser o percurso do movimento feminista e também fazer ver
que as diferenças que existem entre homens e mulheres não podem ser
usadas para relegá-las para segundo plano. Felizmente existem já
diversas organizações de mulheres a trabalhar no país e um dos últimos
avanços foi a aprovação da lei contra a violência doméstica, outra
questão muito forte por aqui. 

3) E os casamentos em Moçambique, como são? (a cerimonia mesmo: de dia, de
noite, católicas???) 

Aqui há casamentos para todos os gostos. Há casamentos católicos,
muçulmanos, hindus, no civil, etc, etc...mas a maior parte, penso eu,
são católicos. Não te sei dizer ao certo como são, porque até hoje fui
a pouquíssimos casamentos, mas não são muito diferentes dos outros
casamentos. Normalmente casa-se de dia na Igreja e no civil. No civil
pode ser no Palácio dos Casamentos ou no próprio local onde será o
copo d'água. Uma coisa engraçada (e MUITO brega) é que aqui está na
moda escrever o nome dos noivos na matrícula do carro, que vai
bastante decorado (outra coisa bem brega, me desculpem). Depois já há
uma espécie de tradição em tirar fotos na praia, isso não pode faltar.
As noivas adoram um vestido bem tchan, cheio de folhos e rendas (isso
pelo que eu pude constatar de ver várias vezes o carro deles a passar
na rua ou eles a tirarem fotos à porta do Palácio dos Casamentos). Há
sempre uma grande comitiva que acompanha o carro dos noivos e nunca
pode faltar uma carrinha ou camião de caixa aberta carregado de gente
a cantar (principalmente as mulheres). A cerimónia aqui é levada a
sério, as pessoas são capazes de se endividar a sério só para terem um
casamento digno. Como costumamos dizer aqui, em casa podem não ter
cadeiras para sentar, mas a cerimónia tem que ter tudo! É também uma
maneira de se mostrar o que tem, uma espécie de status. Quanto maior o
casamento (e mais brega, no meu parecer) melhor! Também é comum a
noiva ter as suas damas, todas vestidas da mesma cor e modelo de
vestido. 

4) Quais os seus sonhos? 

Ih Laura, são tantos! O mais urgente é conhecer o Brasil, hahaha! Eu
sou muito simples, não desejo coisas impossíveis. Quero continuar a
progredir na minha carreira, ser reconhecida pelo meu trabalho, poder
ter um canto só meu e, claro, encontrar um bonitão para chamar de meu
e viver feliz para sempre, cheia de bonitinhos e bonitinhas! 

5) E o Brasil? Como é visto em Moçambique? 

O pessoal aqui ADORA o Brasil. Somos consumistas compulsivos das
novelas e das músicas. Acho que são dois povos com muito em comum: a
boa disposição, a diversidade cultural, a simpatia :) Actualmente há
muitos brasileiros a viver e trabalhar aqui, até me surpreendo com a
quantidade. 

6) O que você gosta de ler? Conhece autores brasileiros? 

Eu ADORO ler. E leio de tudo um pouco, mas gosto especialmente de
romances. Gosto de uma boa história, com bastante romance, um fundo
histórico, com muitos detalhes. Adoro autores latino-americanos, são
os meus preferidos. Conheço vários autores brasileiros e o meu
preferido é, sem dúvida, o Jorge Amado. Uma vez comprei a colecção
quase toda dos livros dele, de uma vez só. Também gosto muito dos
livros do Jô Soares e da Zélia Gattai. Tenho um carinho super especial
por Anarquistas, Graças a Deus. Também já li e gostei muito dos livros
do José Mauro de Vasconcelos, principalmente Rosinha, Minha Canoa e
Meu Pé de laranja Lima. Penso que li também Pureza, de José Lins do
Rego, mas isso já foi há muito tempo, quase não me lembro da história.
Hilda Furacão, de Roberto Drummond, também foi outro livro que amei. 

7) Qual o casamento de ficção mais te marcou? 

Pergunta super difícil essa! Eu adoro um bom casamento de ficção,
daqueles de chorar baba e ranho! Não me estou a lembrar de muitos
assim de repente, mas gostei muito do quase casamento em Mamma Mia.
Quem não adoraria casar-se numa ilha paradisíaca? Também gostei muito
do casamento de My Big Fat Greek Wedding. Toda aquela confusão
cultural, famílias completamente diferentes e a força do amor que
consegue superar tudo isso fizeram desse um dos meus filmes
preferidos! 

8) Qual o seu maior sonho? 

Não sei se tenho um "maior sonho". Mas penso que seja o de ser mãe. Eu
digo sempre que se eu não encontrar o bonitão, eu faço uma produção
independente, hahaha! Tenho muita, muita, muita vontade em ser mãe,
todo esse universo me fascina. 

9) Um conselho pra todas as bonitonas que nos leem? 

Bonitonas, sejam felizes, sempre! Amem-se muito e façam sempre o que
gostam, porque isso é o mais importante.

2 comentários:

Cat e Ju disse...

Adorei!! Tu também foste a primeira amiga que eu fiz virtualmente! Agora só falta conhecermo-nos pessoalmente! Bjão

Hérica disse...

Super legal a entevista.
Viva as bonitonas