quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Lavando a roupa suja - parte 3

Bem, depois de resolvido meu problema no Brasil, eu poderia imaginar que, na Escócia, a coisa toda seria bem mais simples. Mais uma vez, eu não poderia estar mais enganada. Porque, bonitonas, se tem uma coisa que é verdade nesse mundo é que tudo sempre pode piorar.

Sim, eu estava mais escolada quando cheguei por essas bandas. Se alguém viesse me oferecer apartamento com tanquinho pra alugar, ia se ver comigo.  Já tinha até preparado uma listinha de impropérios - com sotaque escocês - pra esculhambar o audaz. 

Felizmente, todos os flats visitados tinham máquina. Alívio - bastante breve, já que, depois de uma semana morando no hotel, o que não me faltavam eram roupas pra lavar. 

No flat que alugamos, a máquina ficava na cozinha, debaixo da bancada da pia. Era uma máquina básica, me explicou a locadora, e tinha aquele lugar de por a roupa pelo meio (sabe? aquela bolota central?).

Separei as roupas brancas das coloridas (olhem só como eu evolui!), coloquei o amaciante no compartimento de amaciante, o sabão em pó no compartimento do sabão em pó (olhem, olhem todas! evolução mode on) e, tcharam, apertei "ON".

Nada aconteceu. Então, me ajoelhei, literalmente, como se pedisse aos céus que me ajudassem. Encarei o visor de frente, que é assim que a gente tem que encarar as coisas que nos desafiam nessa vida e vi, que tinha uma bolotinha a ser rodada, escolhendo uma entre DOZE opções de programas. Detalhe: cada programa era um número, sem grandes descrições do que cada número cabalístico pudesse significar.

Lá fui eu pra internet, essa querida amiga de toda dona de casa moderna, procurar o manual da máquina. 

Horas depois, e digo HORAS, porque foram HORAS mesmo, escolhi um dos programas, ajustei a temperatura da máquina (sim, porque não bastasse escolher o raio do programa, ainda tem que ver qual temperatura combina com ele) e, novamente, apertei a tecla "ON". 

Pelo visto, escolhi o programa mais longo do cardápio (porque pensei que eu queria sim minhas roupas bem limpinhas), e duas horas e muitos barulhos exóticos depois (o da centrifugação em especial era música pros meus ouvidos), silêncio, que indicava que as roupas poderiam ser retiradas.

Pendurei as roupas no nosso pequeno e discreto varal portátil e dobrável, que foi devidamente armado ao lado do aquecedor da sala de estar/jantar/tv e escritório, ou seja, na nossa única sala e fui dormir o sono dos justos.

Acordei na manhã seguinte e parecia, para minha completa decepção, que as roupas tinham acabado de sair da máquina, tão molhadas estavam. Mesmo ligando o aquecedor de quando em vez, o processo de secagem demorou 3 (três) dias e meio. Colocar as roupas no varal externo simplesmente não era uma possibilidade, já que nevava um bocado e, quando não estava nevando, estava chovendo granizo.  

Para quem está habituada a um país tropical, 3 dias pra secar 1 (uma) batida de roupas, quando um cesto lotado de mais roupas espera sua chance no varal é bastante irritante. Meu minúsculo e insuficiente varal era praticamente uma fila do SUS para as outras roupas que eu não podia lavar já que elas tinham que ficar a espera de uma "vaga" para secar. Sem contar que, com tanto tempo na "secagem" as roupas perdem o cheirinho de limpo (e pegam o cheirinho de comida, já que o aquecedor é do lado da cozinha). Um horror.

Resultado: ligar o aquecedor sem dó e tentar fazer a roupa secar na marra, ou, melhor, no gás. 

Resultado indireto: conta de gás que não nos permite usar o gás até o ano que vem. Aliás, permite, mas teremos que vender todas as nossas roupas.

12 comentários:

Barbara Chagas disse...

O varal virou fila do SUS!! hahahaha
Adorei essa parte da saga!

Paula disse...

Hahhaha!! Muito engraçado,só vc pra nos fazer rir de uma coisa dessas (roupa suja).
Beijos

Unknown disse...

hahahaha! estou adorando a lavagem de roupa suja, me identificando bastante!
agora de volta à civilização vou acompanhar mais!
beijos
Pat Capanema

Unknown disse...

hahaha! estou adorando a lavagem de roupa e me identificando bastante!
agora de volta à civilização posso acompanhar mais!
beijos
Pat Capanema

Maya Segers disse...

Ola Bonitona ... adoreiiii suas experiencias com a lavagem da roupa rsrsr
é nao deve ser nada facil secar roupa qdo esta nevando mas e a possibilidade de uma maquina de secar???

beijos e esperando mais historias bacanas

Mãe Viajante disse...

Laura, coloca pra secar direto no aquecedor (o seu é daqueles radiators - uns tubos que ficam na parede, geralmente perto das janelas?)! Eu fiz assim enquanto estive em Viena no inverno, e foi o único jeito de secar as roupas... Ou então, amiga, compra uma máquina de secar!!! O melhor é que já sai tudo meio "passado"...
Beijocas diretamente da Austrália,
Livia

Cíntia Mara disse...

Meu Deus! Essa aí foi pior que a do tanquinho!
kkkkkkk

. disse...

Kakaka, rolei de rir aqui com a "fila do SUS para roupas" e os "números cabalísticos"! Mas agora fiquei curiosíssima: como os escoceses fazem para secar suas roupas?

Beijos e pétalas.

Taís disse...

OMG, que saga da dona de casa moderna!!
Eu já fico preocupada de não poder morar sozinha por não saber cozinhar, mas lavar e passar roupas definitivamente entrou na categoria "assustador".
Meu conselho é: escreva um livro da bonitona dona de casa agora!! =)

Vanessa disse...

Simplesmente, hilário!!!

Bárbara Miranda disse...

Laura,

Que alegria você voltar!!! Leio sempre e comento nunca, rs... mas achei que estava na hora de voltar!
Grata surpresa que tive ao voltar da lua de mel e ver que o blog estava a mil por hora!!!
adoooro as histórias...
e ontem, aff, vivi coisas parecidas lavando roupas, rs!
Sucesso, sempre!
beijos, Bárbara

Claudia disse...

Oi Laura!
Nao coloca a roupa para secar perto do aquecedor nao, pode causar um incendio. Levei uma bronca e tanto dos bombeiros enquanto morava nos EUA. Nao que meu apartamento tenha pegado fogo, mas um dia foram fazer uma inspecao. Compre uma secadora, nao vai ser muito barato, mas eh a melhor opcao.