Não é que eu seja preconceituosa, nem que eu goste de rotular as coisas/pessoas, mas que as férias na Bahia, esquema comer/dormir/tomar sol/comer/dormir/ tomar sol, deixam a gente mole, preguiçosa, isso deixam.
A praia em que estávamos era meio deserta, bem longe do agito cheio de axé, e acabei ficando num estado letárgico impressionante. Muito sol já me deixa assim, sem querer me mover, e eu já disse algumas vezes o que agora escrevo: se eu pudesse ser um bicho qualquer, qualquer bicho mesmo, é fato que eu seria um hipopótamo, alternando banhos de sol, com momentos de submersão na água, só com os olhos de fora...
Um belo dia, já no fim da viagem, decidimos ir jantar numa cidadezinha próxima, mais agitada. Na porta do restaurante, havia um moço, muito engraçado (a figura era muito engraçada, gordinho (beeeem gordinho), loiro, branquelo, com uma túnica longa e um chapeuzinho desses que cobre só o topo da cabeça, ao lado de uma placa: Tarô.
Na farra, todo mundo começou a querer ir.
Um tomou coragem e os outros foram tomando também. Já eu, rainha das dúvidas, ficava naquela: vou, não vou, vou, não vou... Não queria gastar mais 30 reais, não sei se acredito nisso, mas as previsões de todos estavam batendo tanto com a verdade. (Por mais vagas que sejam as assertivas, me pareceram bastante adequadas a cada uma das minhas amigas...)
Depois de quase todo mundo, decidi: vou também. Só faltava uma na minha frente e ainda tínhamos uma hora até que a van chegasse para nos buscar. Beleza.
A consulta da minha amiga começou. Fiquei lá, meio longe aguardando. Aguardando, aguardando, aguardando. Aguardando, aguardando, aguardando. Olha, eu não sei mesmo o que o futuro dela reserva, só que, pelo tanto que o moço - detalhe, o nome do moço era Zeus (deve ser nome artístico, mas, mesmo assim, piada pronta, né?) - falou, acho que ela vai viver, no mínimo, 120 anos. Em resumo, a consulta não acabava nunca.
Quando faltavam míseros 10 minutos pra irmos embora, os dois finalmente se levantaram. Eu, com minha absoluta incapacidade de dissimular meus sentimentos, estava com cara de cachorro sem dono, já ciente de que eu não ia poder ter minha sorte desvendada naquele momento. Eu, que já fui em astróloga, mas nunca em taróloga, poderia estar perdendo a maior chance de saber meu futuro...Acho que Zeus (eu disse que esse nome era uma piada pronta!) se comoveu e decidiu me dar um brinde:
- Tire uma carta, que será uma mensagem dos céus pra você!
- Como assim uma mensagem?
- A carta vai dizer o que está te atrapalhando, vai indicar que precisa ser observado na sua vida.
Eu lá, me concentrei, fechei os olhos e tirei a única carta que revelaria todo o problema encalhador. Peguei uma bem do meio. Olhei. Incrédula. Até cheguei mais perto pra ver se não estava lendo errado. PREGUIÇA.
Zeus não se conteve. Não parava de rir. Achei super anti-profissional. Fiquei com ódio e meio envergonhada. Estava exposta ao ridículo, na frente de todos. Afinal, a consulta dos outros tinha sido sigilosa, e eu havia sido, na porta do restaurante, acusada pelos astros de preguiçosa. Tudo bem que não tenho ido a ginástica, tudo bem que às vezes deixo coisas pra amanhã, mas achei injusto.
Olha, eu sei que não entendo de tarô. Sei que existe a Torre, a Morte, o Imperador. Sei que existe o Louco, o Eu Interior, a Luz. Mas a Preguiça, com mil desculpas, só no tarô da Bahia mesmo. Tentei me auto-justificar: também depois de 10 dias nesse come-dorme, é claro que eu estou com preguiça. Até o blog ficou um pouquinho abandonado.
Agora, estou de volta e já que os astros recomendam deixar a lerdeza de lado: mãos à obra!
Um comentário:
Ah, a culpa nem foi minha... eu bem que ofereci pra vc ir primeiro....
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