domingo, 31 de maio de 2009

Prenúncio de novidade

Eu acho muito engraçado quando eu escrevo alguma coisa e depois fico pensando no que escrevi e vejo que eu mesma precisava ler o que eu escrevi. Ou seja: escrevo uma coisa que saiu da minha própria cabeça e, quando leio, parece que nem fui eu que escrevi.

O post moinho, vaca, vaca, vaca foi assim.

Escrevi pensando numa coisa x e, depois de ler, decidi sair vendo a vida ao meu redor. Nesse exercício de ver o mundo, me deparei com uma constatação surpreendente.


Há mais ou menos um ano, descobri em São Paulo, ao visitar minha irmã, uma loja que chama i-stick (http://www.istickonline.com/). É uma loja virtual (acho que tem uns quiosques em shoppings, mas não sei se eles têm lojas) de adesivos decorativos para paredes e eu, que sempre gostei dessas coisas personalizadas (apesar de os adesivos já serem prontos), fiquei uma semana namorando o site.


Depois de muito pensar, escolhi um adesivo com um trecho dos "Sonhos de Uma Noite de Verão", do Shakespeare, que dizia assim:

Colei o adesivo sobre a minha cabeceira e passei uns dias estranhando a novidade. Quem chega no meu quarto logo repara e comenta, eu, quase nem lembro que está lá. Acho que é mais ou menos como quem faz uma tatuagem. A tatuagem precisa ser feita, a pessoa vai lá e faz, pra completar o corpo com um lembrete a mais de que cada um é único. Depois de fazer, a pessoa fica olhando a tatuagem até se acostumar com ela, mas depois, com o passar dos dias, nem se lembra mais. A tatuagem vira parte da pessoa, do mesmo jeito que Shakespeare virou parte do meu quarto, do meu contexto.

Fato é que, essa semana, reparei no trecho. O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.

E eu, que sempre sonhei o tempo inteiro, dormindo ou acordada, tinha me esquecido disso. Do aviso que eu mesma colei em minha vida, para que eu não me esquecesse. O que importa mesmo são os sonhos. Sonhos de todos os tamanhos, cores e durações. Sonhos de vida inteira e sonhos de um minuto. Somos sonhos, matéria prima da alma. O resto, todo o resto, é o que fazemos para realizá-los.

7 comentários:

Ana Claudia Lourenço disse...

Uauuuuuuuuuuuuuuuu! Que lindo tudo isso que vc falou Laura!
As vezes eu tb tenho que agir assim: me fazer lembrar de alguma maneira das coisas importantes para mim! Vivo escrevendo bilhetinhos de coisas que li e gostei! Sem duvida esse trecho de Shakespeare é o que eu precisava ouvir/ler hoje!!!!
Beijão, tudo de bom o seu blog como sempre!

disse...

"Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho." Mahatma Gandhi

Unknown disse...

Laura, que respiro, que presente o teu post. Olha que coisa mais linda vc pensou e escreveu pra gente. Obrigada querida.

http://walkyria-suleiman.blogspot.com/

Anônimo disse...

mas que coincidência. meu professor falou sexta passada que o que importa são os sonhos, e agora eu chego aqui e você escreve isso!

pensando bem, talvez eu não esteja sonhando mais...

um beijo. :)

Line disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mario disse...

Bonitona,

Já dizia Fernando Pessoa:
"Quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma".
Preste muita atenção nessas coisas que você lê/escreve e que voltam depois com mais clareza. Nossa alma as percebem muito mais rápido que a razão, daí você acaba guardando um poema, escrevendo uma carta pra alguém, e por aí vai; e depois isso volta pra você como convicção. Faz parte do autoconhecimento, e como você escreve muito, deve ser muito natural pra você.

Moacy Cirne disse...

Oi,
nada como um texto com bom humor - em horas de crise ou não. E grato por "seguir" o Balaio.

Beijos.