segunda-feira, 15 de junho de 2009

Nome aos bois

Outro dia, num momento filosófico na manicure, imersa na minha leitura semanal de revistas de celebridades (e/ou fofocas) fui trazida à superfície pela pergunta:

- Pode ser inveja boa essa semana?
- Hein???
- É o lançamento novo da Risqué. Inveja boa.
- Ah, tá. Pode ser.

Sai do salão pensando que eu estava ali, trazendo nas minhas unhas, uma definição que sempre achei estranha. Será que alguém vai me perguntar que cor de esmalte estou usando? E será que vai perguntar por que está com "inveja boa" da cor das minhas unhas??? Eu sou meio cética com relação à inveja. Acho que inveja é, via de regra, ruim.
Bom é admiração, respeito, torcida pelo outro. Capacidade de ser feliz com a felicidade alheia.
Agora, inveja, geralmente, é um sentimento destrutivo. Porque inveja boa pra mim é, na verdade, vontade de poder fazer/ser/ter o mesmo. Por exemplo: sua amiga passa uma semana num resort maravilhoso no nordeste no meio de abril, quando você está atolada de trabalho. Isso seria um caso de sentir vontade de também fazer o mesmo, e não inveja. Então vamos chamar de inveja o que é inveja e de vontade o que é vontade. Pode ser que as duas coisas se misturem. Inveja de quem é magra, porque eu queria ser também. Inveja de quem é disciplinada, porque eu queria ser também. Mas a inveja é mais venenosa que a vontade. E pode vir disfaçada.
Disfarçada de implicância ("ai que antipatia fulana não poder matar ginástica nunca par encontrar com as amigas!"); ou de despeito ("ai, não aguento gente que se priva de tomar sundae có pra manter o bumbum em pé"). Quem desdenha, quer comprar...
Infelizmente, vamos continuar sentindo inveja - porque somos humanos - e vontade, também porque somos humanos. Acho importante a gente se policiar e tentar educar nossa cabeça pra evitar essas energias ruins que, no fim das contas, atingem mais o invejante que o invejado. Quando tenho consciência de que estou assim, radioativa negativa, logo logo mudo a direção do pensamento, e tento consertar o rumo das ideias.
Agora, uma coisa engraçada, é que acontece de, às vezes, a gente usar as palavras do jeito errado.
Eu, por exemplo, quando achava que meu namorado estava com uma roupa estranha, costumava falar:
- Nossa, essa roupa está tão...engraçada.
E usava engraçado pra tudo: o cabelo de não sei quem ficou engraçado, essa moda nova é meio engraçada. Até o dia em que alguém me perguntou:
- Você gostou dessa blusa?
-Ah, não sei, achei meio engraçada.
- Mas engraçado-engraçado ou engraçado-feio?
Achei interessante, porque eu falava "engraçado" pra não magoar as pessoas dizendo "feio", mas quem convive comigo sabe que meu "engraçado" pode significar "feio" e fica tudo confuso. Do mesmo jeito que inveja pode significar vontade. E vontade pode significar inveja. O que é um pouco engraçado também.

3 comentários:

Nads disse...

Eu tbm falo "engracado" ou "interessante" pro meu fiance quando ele me pergunta como esta cabelo, a roupa.
xoxo
Nadia

Patricia disse...

Engraçado (no bom sentido)ler esse post hj, pq ontem mesmo vi uma entrevista na tv em que o cara (nao lembro quem...) definiu bem isso: inveja é sempre ruim, destrutivo. O querer chama-se cobiça e ponto.
Cobiça - querer, do bem.
Inveja - querer destruir o que o outro tem, do mal!

bjs

Carla Querci disse...

Adorei conhecer seu blog (através do da Paula). Já li praticamente todo, seus textos são ótimos. Esse me pegou heim!? Sempre falo, inveja branca, inveja boa, rsrs. E concordo com vc qdo diz q precisamos nos policiar, nossos pensamentos, sentimentos q as vezes nos invadem e não são bons!

grande bjo =))