Desde que comecei esse blog, minha vida mudou em alguns aspectos. Tenho aprendido a lidar melhor com minha difícil condição, recebido mensagens de apoio e solidariedade, mas às vezes me sinto pra baixo, angustiada, insegura. Principalmente se estou de TPM e se é segunda-feira.
Nessa segunda-feira, eu já não estava lá essas coisas, quando a Veja, sempre ela, cruel, trouxe uma nova bomba.
Aliás, ando achando que a própria Veja - quarenta anos essa semana - tem um quê de bonitona encalhada. Ou, com todo o respeito, tem algumas bonitonas encalhadas na redação, que se interessam, cientificamente como eu, pelo assunto do encalhamento. Conferi a autoria da reportagem. São duas mulheres. Impossível não supor que estejam na nossa classe.
Voltando à segunda-feira, o dia em que tradicionalmente tudo é mais difícil na vida, abro na página 128 (pode ir lá, confira nas bancas, porque na internet ainda está bloqueado), e me deparo com a matéria "Fobia de Compromisso - Pesquisadores suecos identificam que alterações no gene responsável pela formação dos laços afetivos predispõem o homem a ser um péssimo marido".
Se não estivesse sentada e no trabalho, teria dado um grito de pavor e desmaiado. Como não era possível no contexto, levantei-me, calmamente, e fui buscar uma água com açúcar antes de prosseguir a leitura. Não é possível. Quer dizer então que agora estou submetida a uma característica genética masculina que é contra as relações estáveis? Não bastassem todos os outros problemas com os quais tenho que lidar, agora, surgindo um pretendente, devo pedir assim, de cara, um exame (que deve ser caríssimo) pra saber se devo investir ou não, se tem futuro ou não?
Imaginem comigo, os homens passarão a incrementar sua já notória desculpa: o problema não é você, sou eu.
A nova versão, após a descoberta sueca, será: o problema não é você, sou eu, que nasci com o gene AVPR1A... Ou seja: eles agora terão uma desculpa genética para dar o fora ou terminar o namoro.
Eu, por exemplo, já consigo imaginar algumas amigas capazes de roubar material dos pretendentes/pretendidos para realizar, escusamente, o exame. Já consigo imaginar até os telefonemas, desesperados, me acordando no meio da madrugada:
-Amiga (snif, snif), você não vai acreditar (snif, assoa o nariz, snif)....
-Vou sim, pode falar, sou bem crédula.
-Fiz o exame e deu positivo (buáaaaaaaaaaaaaaa).
- Positivo pra que, criatura? O que é positivo? Você tá grávida? HIV?
- Não, AVPR1A (buáaaaaaaaaaaaa)....
- É, amiga, pode chorar...
E as que estão de casamento marcado? Será que ainda dá tempo de fazer o tal exame?
Voltando à matéria, pensei logo: será que os cientistas que conduziram o estudo eram todos homens?
Páginas à frente, vem uma foto de um cara bem bacanão, e a legenda: "Com jeitão de roqueiro, o sueco Hasse Wallum, de 27 anos, foi o líder das pesquisas sobre o gene do compromisso". Olhando bem, pondero. Também, com essa cara de modelo da GAP, até eu ia querer descobrir um gene pra justificar minha galinhagem. Sinceramente, depois que vi o cientista, acreditei menos no trabalho.
Antes mesmo que eu pensasse em perguntar, a matéria, esclarecedora como ela só, já me disse: "Não, minha senhora, ainda não é possível criar uma pílula do apego ou a fórmula de um xarope antiinfidelidade". É, a Veja sabe mesmo das coisas, inclusive que só uma senhora ou senhorita, no máximo (e não um senhor) pensaria em resolver o problema que se noticia. Isso porque, ao que me parece, o gene masculino é um problema para as mulheres, especialmente para as bonitonas encalhadas.
Ainda não tem cura. Deviam começar logo as pesquisas para isso, né?
Eu já proponho a criação de um fundo para arrecadação de recursos para a vacina, ou para a descoberta do remédio que mantenha o gene inativo. Assim que descobrirem, acho que o governo deveria subsidiar o coquetel pró-casório, como faz com tantos outros medicamentos, incluindo-o, inclusive, no programa "Farmácia Popular", que garante 90% de desconto.
Outra medida interessante no futuro será o estímulo governamental à cura em massa, como a campanha do Zé Gotinha ou da rubéola.
Poderiam até promover um grande show "Encalhadas Esperança", em que os solteiros, entre 16 e 40 anos, fossem estimulados a se imunizar. Enquanto as bonitonas encalhadas se apresentassem no palco, a Fátima Bernardes (solidária à causa, porque já desencalhou) iria anunciando:
-Até agora, 27.522 homens já foram imunizados. Junte-se a nós nessa belíssima luta pela melhoria da vida de milhares de bonitonas brasileiras!
E as famosas encalhadas, talvez até uma cantora baiana comandando a massa, cantariam uma adaptação (que já providenciei) da musiquinha tradicional do "Criança Esperança": Ter um marido/na vida é tão bom ter marido/ a gente precisa de maridos no jeito/ marido de fé/ marido lindão, marido...
Voltando à vida real, é difícil, sabe? Tem dias em que a gente tem vontade de jogar tudo pro alto, largar mão, se jogar no contraponto da bonitona encalhada, que deve ser alguma coisa como a bonitona liberada, a bonitona desencanada, sei lá.
Não há justiça genética. Mulheres heterossexuais, além de viverem mais, ainda tem que lidar com uma infinidade de variáveis: homossexualismo em alta (nada contra, apenas um suspiro pela diminuição da oferta de material masculino), síndrome de Peter Pan (dos que, após os 30 anos continuam querendo acreditar que são muito novos) e, agora, o malfadado gene AVPR1A.
Já as mulheres homossexuais (nada contra também, respeito as opções íntimas de cada uma) devem estar se dando bem: além de viverem acompanhadas por mais tempo, ainda não tem que lidar com nenhum tipo de escassez ou debilidade genética avessa ao amor e ao compromisso.
Será que Deus, diante da superpopulação da Terra, decidiu fazer com que o encalhamento se propague?
É uma conspiração a nosso desfavor. Ainda mais assim, bem no começo da semana.
Por isso, diante desse mar de injustiças que nos cerca, conclamo: bonitonas encalhadas do mundo, uni-vos!
E o pior ainda estava por vir...
Aguardem o próximo post.
3 comentários:
Nuss amei seu blog...eu que estou a caminho dos 24 e acho que o destino de encalhada é certo(tanto pela intuição quanto pelo meu temperamento escorpiano e pela minha opção mesmo).
Li todos os post e rachei de rir com vc tentando marcar o casório da sua amiga.
Ah eu nunca entrei no montinho do buquê ou vou ao banheiro ou então fico sentada com o maior carão com meu copo de uísque e se alguém me chama eu digo que pegar buquê dá azar!!!
bjubju
Bonitona,
Pelo menos para os homens já descobriram a causa e, infelizmente para as mulheres, é genética. Mas e no caso das mulheres que o mistério continua??? Temos que criar uma especialidade médica nova pra desvendar essas questões.
Beijos pra você!
Sabão
He...
estou aqui mais uma vez, um desconhecido desencalhando os comentários nos blogs alheios!!!
Como já de praxe, esses seus post estão sempre no meu leitor de FEEDS, pq são um melhor que o outro.
COntinue assim postando suas idéias e esperiências para que possamos na maioria pensar, e pq não dizer, dar muitas risadas!!!
Abraços
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