segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Like a virgin


Já faz muito tempo que eu sou fã da Madonna.


Na verdade, é a primeira (e única) cantora que me desperta o interesse a ponto de eu saber várias músicas, ver os filmes, os livros, ter uma noção cronológica dos lançamentos, enfim, admirar a fundo. Em se tratando de artes, sempre tive uma tendência mais literária e cinematográfica/dramatúrgica que musical, até porque meus talentos vocais e dançantes são bastante limitados.


Madonna, porém, é diferente. É uma artista completa, vibrante, enérgica, que vive intensamente. E eu, que vivo enrustidamente todas as minhas loucuras, admiro-a, antes de mais nada, pela coragem com que toma as rédeas de seu destino.


Por todos esses argumentos, eu não poderia perder um show da Madonna no Brasil. Não tinha idade (nem interesse, com 11 anos) para ir em 1993, mas em 2008, decidi que seria diferente. Sobretudo porque não se sabe quando essa senhora de 50 anos decidirá voltar ao país. Sei que a idade dela não vai ser um problema (que fôlego é esse?), mas talvez a minha venha a ser. Resumindo: reuni minhas forças (financeiras e físicas, porque a maratona de festas de fim de ano é puxada) e fui.



Eu e o namorado a tiracolo, acompanhados da minha irmã.




Chegando ao show, de cara estranhei a imensa quantidade de homens. Pensei: preciso postar no blog um aviso pras bonitonas de que os homens estão com uma mentalidade mais aberta, frequentando shows bacanas...Ainda cogitei que todos estivessem ali à nossa procura. Afinal, pensei, show da Madonna é um lugar de paquerar, dançar e enfim, se divertir.


Continuei observando e juro, pelo público, parecia mais jogo de futebol do que show de popstar. Era homem pra tudo que é lado, bandos de homens conversando, rindo, esperando pelo show começar, assim, de mãos dadas, se beijando... Isso mesmo! De repente, constatei minha gafe. Estava no meio de uma balada gay, inadvertidamente.


Não que eu tenha algum preconceito com os gays. A-DO-RO, como diria um conhecido meu que divide em sílabas, MAS, daí a levar meu namorado pra um ambiente tão hostil já era diferente. Fato é que estávamos lá, ir embora não era uma possibilidade (afinal, repito, gastei minhas últimas economias no tal evento), e eu ia ter que proteger o que era meu.


Bonitonas, juro que, se EU tirasse a roupa ali, no meio da pista, com o Morumbi lotado, pelo menos 70 por centos dos homens presentes ia ignorar e outros 10 por cento iam fazer cara de nojo. Porém, os olhares que meu namorado recebia, me envergonhavam. E, obviamente, ele começou a se irritar. A cada olhada para o lado, eram beijinhos, olhares, carícias (das mais ingênuas e românticas às mais ousadas) e mesmo gordinhos barbudos de camisa do Barcelona se revelavam exímios dançarinos. O que mais tinha naquele estádio eram almas madônicas em busca de um momento de libertação total. Fungadas no cangote eram o de menos.


Me veio o pensamento: agora entendo porque os homens não gostam de ir com as namoradas em eventos de axé, em boates. É muito tenso ter que ficar marcando território a noite toda. Ainda mais quando os assediadores tem 1,85m e bíceps muito bem definidos, e vc não passa de uma baxutinha de 1,60, fora de forma.

Assim, esperamos as duas horas que o show atrasou. Eu, vigilante, não deixava o namorado fazer nada sozinho. Até na fila do bar, até na porta do banheiro estava eu lá, a postos, a espreita.


As formas de assédio eram bem variadas: váaaaaaaaaaaarios pediram fogo (já que o namorado fuma), dançaram saracoteantes na frente, lançaram olhares, beijos, e eu ali "de mãos atadas, de pés descalços". O namorado se escondia me abraçava de tudo que era jeito, mas, apagadas as luzes do estádio, acesas as luzes do palco, todos os olhares se voltaram para o mesmo ponto e, enfim, todos se salvaram.

Salvação e diversão. "Music mix the people" e não tinha como não sair de alma lavada (pela chuva que despencou antes, mas também pela onda de energia boa que a gente experimenta num evento desses). Like a Prayer me tirou de órbita e quando a própria Madonna, "de brinde", começou a cantar Like a Virgin, muita gente cantou com a alma. Porque, se a Madonna, que é a Madonna, disse que, aos cinquenta anos, estava naquele palco, encerrando mais uma de suas inúmeras turnês e se sentindo como uma virgem, como se fosse a primeira vez... é óbvio que muitos outros estavam se sentindo assim também. Eu estava: like a virgin de shows da Madonna, like a virgin de eventos em que meu namorado era mais assediado que eu...


No fim das contas, foi uma noite de pura diversão. Porque, reconhecidamente, os gays têm muitos méritos, e dentre eles está o de saberem se divertir e se jogar numa balada como ninguém. Sempre como se fosse a primeira vez...

Agora, pra vcs entenderem do que eu tô falando, olha o videozinho no youtube (e REPAREM COMO O CORO DA PLATÉIA É MASCULINO!!!)




2 comentários:

Bárbara Dedavid disse...

Laura
Deixei um selinho no meu blog, do Prêmio Dardos, para você!
Um beijo!

Aline Câmara disse...

A qtd de gay no show tbm foi um problema pra mim, mas por outro motivo: do alto do meu 1,65m de altura, ter aquele monte de homem na minha frente nao foi nada legal... passei a noite nas pontas dos pés!