quarta-feira, 4 de março de 2009

O que nem sempre se mostra

Parece que o calor insuportável que nos assola tem causado uma crise de criatividade não só em mim, mas em todas as leitoras que também não deram seus pitacos sobre o tema para o próximo post.

Eis que, no meio da tarde de hoje, me surge um comentário ótimo (infelizmente anônimo), mas um tanto enigmático:

"[...]Como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções. Meditarias: as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra” (Limite branco, Caio Fernando de Abreu)

Então é isso.

Momento vergonha própria: Nunca li Caio Fernando de Abreu a não ser em pequenas passagens que vislumbro em outros blogs pela internet (está ai Paulinha -www.sweetestperson.wordpress.com que sempre me presenteia com seus trechinhos), mas acho que, não é só emoções que há. Há, sobretudo, expectativas, vontades de moldar os desejos/sonhos/vontades do outro na medida das nossas.

Há o que somos e o que não mostramos.
Pode ser barango e a última coisa que eu queria era embarangar o trecho do Caio Fernando, mas é como diria (ou cantaria) Lulu Santos:







A música ai não é chique, não é cool, não é descolada. Só que eu não exijo nada disso de uma música. Aliás, quero apenas que ela fale diretamente ao meu coração.
É uma mania (entre outras tantas). De ouvir músicas e falar:
- Nossa, eu amo essa música. Eu amo esta também. E essa!
Meu pai já reclamou: e qual você não ama?
Eu amo as letras, antes de tudo, porque acabo me identificando e pensando: então eu, com todas as minhas dúvidas e aflições, sou completamente normal?
Voltando ao Lulu Santos, esta música já embalou muitas reflexões da minha vida.
Um amor tão grande, mas tão grande, uma paixão tão louca e desenfreada, que não pode ser dita senão com olhares. E com não dizeres. Em que o outro não te dá trela, não te dá pistas, não te dá retorno. Não, ele não responde seus emails, não retorna suas ligações, mas te olha. E isso, às vezes basta.
Desculpe-me, Caio Fernando, mas o que somos, uma hora se mostra. Num escape qualquer, a gente se mostra. Talvez não pelo dito, pelo berrado. Mas pelo que sugerimos, pelo que contemos e que represamos. Amor represado porque se rompesse a barragem, seria desastre ambiental. Tsunami.
Um abraço que vale por mil beijos.
Um encontro de olhares no meio de uma multidão.
Cada um com seu acompanhante, sabendo que não há esperanças de que aquele sentimento um dia se consume, muito embora consuma suas noites de sono.
Conheço muitas pessoas que vivem grandes amores platônicos. Por motivos vários. Pode até parecer fraqueza. Pois que seja fraqueza então.
Fraqueza de sair de um relacionamento de anos, com uma mão na frente e outra atrás. Fraqueza de não querer ouvir um não como resposta. Fraqueza de correr o risco.
Pode não ser fraqueza também. Pode ser força de ponderar consequências e inconsequências. De pesar o valor das coisas, o risco das atitudes impensadas.
Suspiro.
Desculpem-me bonitonas, mas acho que algumas coisas escritas são tão acertadas, que tudo o que eu disser além será superficial. Acho que preciso mesmo ler Caio Fernando.

6 comentários:

Ana disse...

Amo Caio Fernando! Amo esta música! Amei este post! Amo você! Vou copiar e colar no meu blog, com os devidos créditos, que fique bem claro! Rs! Pode?

DRI ;) disse...

Amei o post! E, coincidência ou não, vesti a carapuça rsss Qto à falta de imaginação, liga não, com esse calor, ng consegue nem racionar direito! Porém, uma sugestão, não sei se vc já falou sobre isso: a inveja do homem que está ao nosso lado. Seguinte: não existe só competição entre as mulheres; pior que ver a sua melhor "amiga" te copiando, é ver seu namorado/marido ou afim torcendo contra seu sucesso profissional, ou mesmo querendo boicotar a sua dieta, pois teme que vc sobressaia ao lado dele, entre outros exemplos. E aí? Já passou por isso? Como lidar com isso? Um beijo querida!

Eduardo Araújo disse...

Passo para dizer que gostei tanto tanto tanto do seu texto, que vim de lá, do blog da Ana, aqui, só para te mandar um beijo.

Unknown disse...

Tinha esquecido minha senha do google e estava com pressa, mas queria deixar aquela sugestão...

Ficou mais que perfeito o seu post, relacionando a música com o trecho... Amo a música também!!

Beijos!

Anônimo disse...

Lindo post, linda música! Ela já fez parte da minha vida, quando eu já estava muito decepcionada e com medo de investir num novo relacionamento. Mas deixei a fraqueza de lado, mergulhei de cabeça e comecei a namorar meu atual marido...

Anônimo disse...

Lindo post, me identifiquei muito com isso que você escreveu, parece que eu poderia ter dito isso,'Um encontro de olhares no meio de uma multidão.' Parabéns pelo blog. =]