Uma coisa é certa: é muito mais fácil acostumar com a riqueza que com a pobreza. Não que eu já tenha sido rica em algum momento da minha existência, pelo contrário, sempre fui bem normal, classe média, mas depois que me formei, tenho meu dinheirinho de vez em quando. Aliás, tinha, antes de vir a crise da bolsa e levar todas as minhas economias sabe-se lá pra onde.
(Parentêses: se tanta gente perdeu tanto dinheiro esses dias, quem é que ganhou esse dinheiro todo? Sei que essa é uma pergunta altamente burra para quem entende de economia e mercados, mas faz todo o sentido para mim, a pessoa altamente burra em economia que aqui escreve e que, mesmo sendo altamente burra, investiu o dinheiro dela na bolsa. Já me explicaram que o dinheiro não vai pra ninguém, ele some como se nunca tivesse existido, mas é meio complexo para mim.)
De qualquer forma, voltando à minha fase de vacas magras, encontrei um caderninho com minhas anotações de quando eu era estagiária com dicas para minha sobrevivência.
Naquele tempo (adoro essa expressão, parece que o caso é muito antigo, quase bíblico), eu fazia duas faculdades (uma de manhã, outra de noite) e um estágio no meio. Por isso, e também pelo fato de que eu não tinha carro (como até hoje não tenho), eu saia de casa pronta para o dia inteiro, cheia de sacolinhas, merendinhas e soluções para o que quer que acontecesse. Afinal, eram 16 horas contínuas fora de casa e muitos ônibus durante o dia.
Diante das dificuldades que estou vivenciando atualmente, decidi retomar esse estilo estagiária de vida, ou "estagiarian way of life". Selecionei alguns tópicos interessantes, e venho dividir com vocês (que podem estar precisando também):
- Alimentação
Já que eu tenho mesmo que comer fora, tento fazer minhas refeições só com folhas. As pessoas olham chocadas pro meu prato de rúcula, agrião, alface americana, alface roxa, repolho e couve. Entretanto, folha pesa menos no self service e o almoço sai mais em conta. Das minhas anotações primitivas, consta o seguinte comentário: tomar cuidado com brocólis, tomate e abacaxi - são muito pesados; peixe é leve. Evitar restaurantes "preço único" (aqueles do tipo, uma carne, duas carnes, três carnes), geralmente meu prato fica mais barato (e mais saudável) no preço por quilo.
Lembrando sempre que se alimentar exclusivamente de folha fosse receita de magreza, os elefantes não seriam, digamos, elefantes.
Para beber, opto por nada, já que beber durante as refeições faz mal. Outra coisa boa é que no self service que eu vou sempre tem um chazinho de graça, e ai, pegue um copinho maior e finja que não notou a cara feia.
Nos dias de muita vontade de junk food, como pastéis. Pastel é sempre barato e ainda é possível descolar umas promoções (2 pastéis e um refresco por 3 reais).
Para os lanchinhos de fim de tarde, vou começar a passar todo dia no supermercado mais próximo da minha casa. Sempre tem uma mocinha oferecendo alguma coisa pra degustar por lá, um pãozinho com ervas, um biscoitinho novo, tudo em porções moderadas, compatíveis com a dieta de que estou precisando.
Para os dias de extrema necessidade de doce (sorvetes finos), passo na porta da sorveteria e, como se fosse realmente adquirir algo, peço uma provinha de um sabor qualquer. É claro que fico com vontade depois, mas soluciona em parte o problema.
- Transporte e ginástica
Não pego mais táxi. Agora, ou vou a pé (queimo calorias, potecializadas pelo salto alto), ou vou de ônibus (queimando as calorias me equilibrando nas curvas, potencializadas pelo efeito sauna do trasnporte coletivo nos horários de pico). Assim, dois problemas estarão resolvidos: locomoção e ginástica.
Caronas são bem-vindas nos finais de semana e em eventos sociais noturnos.
- Vestuário
Terei que voltar às origens e frequentar mais assiduamente lojas de departamentos. Felizmente, as lojas evoluíram e têm muitas peças bacaninhas e bonitinhas com preços módicos. Felizmente também comprei muitas peças este ano, e devo ter pelo menos uns seis (três, talvez) meses de roupinhas apresentáveis para várias situações. Estou obstinada a não comprar mais nenhuma peça até o ano que vem. Mais felizmente que tudo, os anos 80 estão de volta, e como não pretendo adquirir nenhuma peça com ombreira, acho que minha missão vai ser mais fácil.
- Higiene pessoal
Como eu não fui agraciada com o dom de fazer minhas próprias unhas, vou optar por ir ao salão apenas em dias de promoção e fazer pé e mão a cada dez dias (e não toda semana). As unhas vão ter que ser clarinhas, porque duram mais (dá pra despistar por mais tempo).
Depilação vai ser tema de um post próprio.
Meu cabelo - pelo menos isso - não dá muito trabalho, ele se ajeita, então eu posso lavar e dar uma secadinha. Ainda bem que fiz luzes mês passado, consigo sobreviver quatro meses sem retoque.
- Livros e revistas
Sou muito consumista com livros e revistas. Livros nunca saem de moda, e ninguém precisa ler os últimos lançamentos. Vou me arriscar nos livrinhos de banca, muitos clássicos em edições baratinhas, posso reler Machado de Assis, ou outros autores cujas obras estejam acessíveis.
Para as revistas, uma boa saída é passar a frequentar os sites. Também é possível encontrar as revistas atualizadas ou as revistas mais populares no salão. Na pior das hipóteses, puxar papo com a manicure é uma boa dica para ficar a par do mundo das celebridades. Outra possibilidade é aproveitar para marcar todas as consultas necessárias (no plano de saúde, óbvio) para tentar achar as edições mais recentes de Caras e Contigo!, muito embora os médicos sejam bem avarentos e costumem deixar uns exemplares velhos.
Nos meus tempos de estagiária, eu adorava ler revistas antigas de celebridades. É engraçado ver como os famosos mudam (muito), ver declarações de amor de relacionamentos que já acabaram, grávidas de filhos que já nasceram, festas de casamentos que ainda dão certo, enfim. Outra revista que considero atemporal é a Boa Forma. Você pode comprar 12 e passar os anos seguintes relendo, mês a mês, a revista (que eu amo, por sinal), mas que não tem muitas variáveis: quer ficar linda e magra? Feche a boca e malhe!
- Cultura e entretenimento
Esse é o item mais fácil. O que tem de espetáculos de qualidade com entrada franca e preços reduzidos não está no gibi. Basta procurar. E eu já comecei. Na pior das hipóteses, volto à fase de pesquisar a programação da TV a cabo (pelo menos isso é por conta do meu pai) e viver de pipoca de microondas.
Então, bonitonas, essa era minha dica do estagiarian way of life, que eu vou retomar pelo menos nos próximos dois meses! Sintam-se a vontade para aderir!
3 comentários:
Laura, fala sério!!! Eu passo mal com o seu blog, sou sua fã de carteirinha. Já babei seu ovo com a Re, Patricia, o Rico, agora falta com vc né?! Gata, vc é fantástica, pode escrever um livro q eu deixo de comprar livrinhos de banca e compro todos q vc escrever!
Um beijo, Flavinha
Laura, fala sério!!! Eu passo mal com o seu blog, sou sua fã de carteirinha. Já babei seu ovo com a Re, Patricia, o Rico, agora falta com vc né?! Gata, vc é fantástica, pode escrever um livro q eu deixo de comprar livrinhos de banca e compro todos q vc escrever!
Um beijo, Flavinha
Flavinha! EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!
Amei sua visita! mande notícias sempre!
Laura
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