Já que a culpa do encalhamento é exclusivamente do universo, fui conversar diretamente com os astros. Quis, como Olavo Bilac, ouvir e entender as estrelas.
Não sou uma pessoa exatamente mística. Não gosto de cartomantes, adivinhas, bolas de cristal. Tenho extrema resistência com leitura de mão ou de borra de café. É claro que já procurei esses profissionais, se não faz bem, mal também não faz. Quer dizer, tenho medo daqueles que distribuem panfletos no sinal, com ameaças do tipo: "trago seu amor em 24 horas, desfaço qualquer trabalho, curo impotência, afasto mal olhado"...
E, como no poema do Olavo Bilac, você pode até querer me dizer: "Tresloucada amiga! Que conversas com elas? Que sentido tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi (também valendo-me dele): "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido/capaz de ouvir e de entender estrelas."
Por mais que falta de amor nunca tenha sido o meu problema, ou seja, eu já amava, o que me autorizaria a entender as estrelas, preciso confessar que não estava entendendo nada. O que será que o universo anda reservando para mim?
Como estava com a sensação de quem escuta, mas não entende bem as palavras, como quem precisa daquele aparelho de uso invisível, tratei de procurar uma intérprete para esse improvável diálogo. Sem titubear, marquei uma consulta com uma astróloga.
Não sou uma pessoa exatamente mística. Não gosto de cartomantes, adivinhas, bolas de cristal. Tenho extrema resistência com leitura de mão ou de borra de café. É claro que já procurei esses profissionais, se não faz bem, mal também não faz. Quer dizer, tenho medo daqueles que distribuem panfletos no sinal, com ameaças do tipo: "trago seu amor em 24 horas, desfaço qualquer trabalho, curo impotência, afasto mal olhado"...
Acho que há um limite para eu me envolver em assuntos sobrenaturais e prefiro evitar qualquer tipo de pessoa que me prometa amor (ainda mais amor alheio) em 24 horas.
Por outro lado, a astrologia sempre me pareceu mais confiável, com suas contas e sua ciência. Afinal, se os astros efetivamente mostram a melhor época para plantar e colher, guiam os navegantes, e, mais que isso, determinam o movimento das marés e o crescimento dos meus cabelos, me parece razoável que saibam um pouco sobre minha personalidade e meu destino.
Por outro lado, a astrologia sempre me pareceu mais confiável, com suas contas e sua ciência. Afinal, se os astros efetivamente mostram a melhor época para plantar e colher, guiam os navegantes, e, mais que isso, determinam o movimento das marés e o crescimento dos meus cabelos, me parece razoável que saibam um pouco sobre minha personalidade e meu destino.
Mesmo porque, poucas expressões são mais charmosas e românticas que "o nosso amor estava escrito nas estrelas".
Imbuída nesse estado de espírito, lá fui eu de coração aberto (e mão idem, porque paguei caro mesmo, quase o preço de um psiquiatra de gabarito), para ouvir as estrelas.
A astróloga era super profissional, nada estereotipada. De terninho, óculos fashion, maquiagem bem feita, em nada lembrava o que eu tinha na cabeça. Ela foi logo falando que era engenheira, mas que tinha estudado muito a astrologia, até que passou a se dedicar exclusivamente a isso (o tanto de diplomas na parede confirmava o estudo) e que, agora, estava pensando em cursar psicologia, para fazer a ponte perfeita entre os astros e as pessoas.
Começamos a consulta. Ela imprimiu meu mapa (do momento atual, porque o mapa natal eu já tinha feito antes). Ela me explicou que ia expor as tendências, porque nada era determinado, mas que eram rumos aproximados, caminhos a serem percorridos, e começou:
-Você é fogo, como toda sagitariana. Inteligente, mas um pouco desfocada, impulsiva, sua roda da fortuna está no trabalho, ou seja, é seu ponto de maior sucesso na vida...
(Comecei a pensar: será que horas ela vai falar do casamento? Será que isso pelo menos começa a aparecer no meu momento atual?)
- Você é muito esperta, interessada, sonhadora...
(Na parte do sonhadora eu pensei: agora vai puxar pro sonho de casar. Mas nada. Bateu na trave e saiu pela tangente:)
- Como boa sagitariana, gosta de viajar, se aventurar...
(E eu pensando: será que existe aventura maior que um casamento?)
-Conhecer o novo...
(Conhecer o novo? Novo o quê? Marido? Namorado? Pretendente?)
- E você não gosta de rotina, né?
(Não gosto mesmo, mas não acho que casamento seja rotina.)
- Não gosta de estar presa a alguém...
(Presa não, mas casada eu bem que gostaria.)
- Enfim, vi que seu foco no momento é o profissional, seu namoro está encaminhado, parece que vai continuar estável...
(Encaminhado? Estável? Até quando vai ser namoro isso?)
- Então, vamos falar da sua convivência familiar e dos seus projetos profissionais, que são o que o seu mapa está pondo em evidência e blá, blá, blá...
Tudo bem que eu não posso impor o que o universo tem a me dizer. Entretanto, só mencionar que meu namoro está encaminhado e estável me dá a impressão de que ele está é de maldade comigo. Poxa, não é possível que ele (o universo) não esteja ciente do que me angustia no momento. Se fosse pra falar de vida profissional, eu contrataria uma empresa de recolocação, e não uma astróloga. Comecei a ficar impaciente.
Ela ainda me explicou que estou no meu inferno astral (como, aliás, eu mesma havia deduzido, depois de nenhum pitaco sentimental e mais um investimento sem retorno).
Conformada, perguntei:
-Então, esse panorama dura até quando? Até quando essas perspectivas estarão em vigor?
-Pelo menos até seu próximo aniversário (em dezembro de 2009, no caso).
- Ah, tá, disse eu, já cabisbaixa. E não tem nenhuma hipótese de, sei lá, reverter essas tendências?
- Bem, pode haver um movimento atípico dos astros, algo surpreendente e inesperado, mas, é pouco provável.
Não consegui me manter contida, eu tinha que ser objetiva, afinal, o relógio estava correndo, a consulta acabando e eu ia sair dali condenada a mais um ano de encalhamento:
- E, assim, não tem nada ai que deixe você ver um casamento ano que vem?
-Olha, sinceramente, seu mapa não indica tendências a sair de casa, nem a novas uniões ou remanejamento familiar...- disse ela, educada.
Sem nada a fazer, sem resposta para dar ao universo que não falava nada sobre o assunto, pensei, tentando me consolar: é, o meu amor pode até estar escrito nas estrelas, porém, o casamento...
2 comentários:
Laura, se tivesse como te contar a minha história, vc ia ver que a sua tá óóóóótima, menina! Pra que ficar gastando horrores com isso se o principal pro casamento vc já tem (o namorado)? Pior é quem tá penando horrores por um, filhinha...
Hihihi.
Essas mulheres erram Laura...
E olha só, se vc está no seu inferno astral, isso passa no seu próximo aniversário, Dezembro deste ano mesmo. Será que não foi isso que ela quis dizer?
By the way, AMEI a inspiração de Olavo Bilac. Sei esse poema de cor, é meu preferido: estrelas, universo, amor e tal...
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