Outro dia, minha sogra (a mãe do meu namorado, como já expliquei) me chamou para uma palestra sobre "Amor, sexo e sexualidade no mundo contemporâneo". Lá fui eu. Adoro palestras, discussões sobre esses assuntos que ajudam tanto a gente a se entender mais e, como consequência, ser mais feliz.
Chegando na palestra, chamou minha atenção o tanto de mulheres ali presentes (umas quarenta) em meio a tão poucos homens (uns três). Será que só nós, mulheres, nos interessamos por amor e sexo no mundo contemporâneo? Interessantemente, a palestra seria proferida por um homem.
Pensei: deve ser que os homens já sabem do assunto e um deles veio aqui nos explicar, né?
O psicanalista palestrante começou se apresentando: formado ha 26 anos (meu tempo de vida) e com mestrado em literatura. Como eu poderia não me interessar? Quando ele falou que sua dissertação havia sido sobre Capitu e Bentinho, quase desmaiei de tanta identificação. Freud deve explicar.
Devidamente acomodados os ouvintes (injusto esse plural ser no masculino, considerando a imensa maioria de mulheres no recinto), começou a palestra:
- Tenho recebido vários homens em meu consultório. Todos na faixa de 20 a 30 anos, com o mesmo problema: medo de se casar.
Pensei de imediato: gente! Esse moço sabe o que eu estou passando! Senti palpitações. Seria Deus mandando um enviado cientificamente amparado para sanar minhas dúvidas? Se eu fosse uma história em quadrinhos, uma lâmpada teria se acendido no balãozinho de pensamentos sobre a minha cabeça.
E ele continuou:
- O homem fóbico não quer casar, porque ele não sabe o que pode oferecer às mulheres tão completas de hoje em dia.
E eu: completas? Como alguma mulher pode ser completa sem uma aliança? É como se fosse a última figurinha do álbum, ninguém pode se considerar completo sem ela. No way. Eu sou o ser mais incompleto do planeta. Tenho um mundo de sonhos, um mundo de expectativas. E nada de aliança.
E o moço foi falando, falando, falando. E, de repente, era como se não houvesse mais ninguém naquela sala, só nós dois, e, depois, como se nem eu estivesse fisicamente lá, porque as coisas que o moço foi falando, como se tudo que ele estivesse dizendo, fosse só para mim. Falou dos papéis que a gente assume, das funções que a gente toma para si, de não deixarmos os homens fazerem as coisas pra gente.
E eu sai pensando que não é desaforo deixar eles pagarem as contas de vez em quando, abrirem as portas, cederem os paletós e os guarda-chuvas. A gente quer ser bonitona, e pode até ser encalhada, mas a gente tem que ser bem cuidada, bem amada, bem resolvida. A gente é bem sucedida em tantas coisas, e na vida pessoal, a gente pre-ci-sa do outro. A gente precisa desses homens que tem medo da gente. Acho que um amor se constrói, mesmo sem casamento, em comunhão. Metade nosso, metade deles, formando um todo em que não se consegue identificar uem contribuiu com o quê.
Quanto ao medo dos homens, me eu uma pequena revolta. Até tive um pensamento ao estilo "Capitão- Wagner Moura- Nascimento": tá com medinho? Então pede pra sair!
Mas não é isso que eles estão fazendo? Pedindo pra sair (não conosco, mas dos relacionamentos conosco???). Dificil.
E será que nós também não temos medos? Será que não temos medo de nós mesmoas? Medo de não sermos amadas (ou amáveis), não sermos compreendidas (ou compreensíveis), não sermos infalíveis, não sermos predestinadas a dar certo em tudo que a gente tente fazer? A gente tem medo de não encontrar o que mais queremos?
O psicanalista disse que as mulheres querem amor.
Eu quero. Inteiro, e não pela metade.
Um comentário:
MEU DEUS!!!!!
Definitivamente esse texto foi escrito para mim.
Ou melhor, acho que para todas.
Nós, mulheres, estamos passando pelos mesmos problemas, com namorados, sem namorados, a busca é uma só: o AMOR.
Mas, onde será que ele se esconde...
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