terça-feira, 30 de setembro de 2008

O buquê de ouro

Quando ele entrou na igreja, meu mundo parou.

Meus olhos estavam fixos, parados, e ele brilhava. De verdade.

Por mais que já soubesse que ele existia, que ele era exatamente daquele jeitinho, assim, ao vivo, era muito mais que eu podia imaginar.

Fiquei hipnotizada, catatônica, perplexa, embasbacada, estática. Fiquei bege. Depois vermelha de alegria e timidez, mas não conseguia para de olhar.

Afinal, aquilo não era um buquê.

Era "o" buquê.

Aquele depois do qual, todos os outros seriam raminhos. Aquele depois do qual, nenhum ouro faria sentido.

Um buquê como aqueles não era superstição, era quase uma certidão de casamento. Agora eu caso, pensei. Tem que ser meu!

A missa foi maravilhosa, mas eu estava flertando, deliberadamente, com ele. Olhava, babava. Me peguei fechando a boca algumas vezes. Sonhei com ele no meu quarto, do lado da minha cabeceira. Afinal, era um buquê imperecível, sem validade, eterno, como os diamantes. Ouro, prata e bronze, um pódio todo para uma única felizarda (eu, eu, eu!).
De repente, um porém me ocorreu. Como seria o arremesso do buquê de ouro?

Eu sabia de antemão que ele era de metal, mas não tinha refletido sobre a questão de ordem prática. Já imaginei o buquê voando pelos ares e atingindo em cheio o olho de uma bonitona encalhada e, dali em diante, cega. Pensei em como meu traje era inadequado, eu precisava de um protetor de cabeça, de luvas que evitassem cortes nas mãos e garantissem a firmeza da pegada. O protetor até podia ser considerado um acessório do penteado, como tantos outros estranhos que se vê por aí.

Porém, assim como os caçadores de ondas gigantes vão para o Hawai em busca do sonho, estava eu, disposta a tudo. Disposta até a uma buquezada na cabeça, um corte, um breve desmaio, se fosse o caso. Agora, tudo o que me restava era pensar nas táticas e torcer.

Já na sala das fotos com madrinhas, flertei com ele. Posei, fiz mantra positivo: meeeeeeeeeeeeeummmmmmmeeeeeeeeeuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmeeeeeeeeeuuuuu....


E aguardei super ansiosa o grande momento.

Qual não foi minha surpresa quando vi a noiva subir ao palco sem o bendito. Como assim, ele não estava lá? Será que roubaram num momento de distração do cerimonial?

Apesar de todas as minhas teorias sobre o assunto, na hora, fiz tudo errado. Eu tinha bebido, estava com tomara que caia, as manguinhas do vestido eram um terror para qualquer levantamento de braço e, mais que isso, minha desilusão não me deixava pensar direito. Pior que tudo: fui nominalmente chamada - de bonitona encalhada!

Depois do tradicional suspense, as flores foram ao ar e, qual não foi minha surpresa, quando os ramos se partiram, cada um voando na direção de uma das bonitonas, e um deles, diretamente para mim. Preciso confessar. Em casa de ferreiro, espeto é de pau. Não lembrei de nenhuma das minhas próprias dicas e voei rumo ao que era meu no coração. Se naquele casamento eu não pegasse o buquê, senti que não pegaria nunca mais.

Quando senti as flores na minha mão, preciso confessar: tudo fez sentido. Aquele humilde mini tufinho de tulipas rosas foi, para mim, muito mais que um buquê de ouro-prata-bronze ao mesmo tempo. Era o meu buquê de ouro, o buquê que selava meu destino. Sendo seis os buquezinhos originais, estou considerando que sou uma das seis próximas nubentes. Será? Ou melhor, serei?

5 comentários:

Catiluva disse...

Vivaaaa, vc conseguiu! Agora é só esperar o pedido... :):):):)

Rafaela Porcaro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Um é meuuuu!!!!!

Anônimo disse...

Que ótimo!!!!!! Parabéns! Além disso amooooooo tulipas rosas!
Beijos, Ana.

Anônimo disse...

um foi meu tb!!!!!!!!!!!! pena que nao deu certo..............